sábado, 30 de novembro de 2013

INTELIGÊNCIA ESPIRITUAL - artigo de Ken O´Donnel escrito em 1996

     Um dos pontos chaves da minha aprendizagem surgiu numa palestra sobre o estado do mundo há mais de vinte anos, na qual o conferencista fez a seguinte pergunta: “Você faz parte da solução ou parte do problema?” Isto me fez refletir profundamente se eu estava contribuindo com alguma ação prática para melhorar a parte do mundo com a qual tive contato. Ao invés de passar meu tempo procurando, analisando e criticando defeitos nas coisas e nas pessoas, tratei de observar o que acontecia dentro de mim. Mais tarde eu pude ver que estes três aspectos fundamentais da vida estavam completamente interligados conforme o diagrama seguinte:


     Há pessoas que são excelentes em organizar coisas, programas e eventos no que diz respeito ao planejamento, ordem, horários e números. Quando tratam de colocar outras seres humanos dentro do seu esquema ‘inteligente’ não conseguem fazer funcionar com a mesma facilidade o que consta no papel ou nas suas cabeças. A razão simples é que não conseguem ver que outros indivíduos têm seu próprio livre arbítrio, atributos, perspectivas e jeito de ser e fazer. Falta a sensibilidade de compreender esta simples verdade ou detectar o momento e o espaço sagrados para o outro. Quando delegam não têm a paciência de preparar seus colaboradores para as tarefas, mas não hesitam em cobrar (aos gritos às vezes) a falta de preparo.
     Há muitos que são excelentes em relacionar-se com os outros respeitando o direito inalienável de cada um ser o que é. São capazes de inspirar amor e compreensão pela doçura e percepção que têm do estado dos seus interlocutores. Entretanto, ao organizar uma atividade que requer uma compreensão de detalhes, logística, quantidades e cronologias elas se perdem, esquecem tudo e geram confusão.
     Existem aquelas que sabem administrar bem as coisas e as pessoas mas sua vida interna é uma montanha russa de altos e baixos que, só com um enorme esforço, não deixam transparecer. Os pensamentos, emoções, desejos e imagens se pipocam na tela das suas mentes de uma maneira tão desordenada que o mundo externo se torna o lugar de fuga para não ter que ficar dentro das suas cabeças com seu transtorno interno. Surgem assim os trabalhólatras e dependentes emocionais em relacionamentos. Se dedicam às coisas e/ou as outras pessoas para escapar da falta de sossego na casa do ser.
     A firmeza, determinação, perspicácia, coragem e outros valores ativos importantes em pessoas decisivas têm que estar casados com valores passivos com a paciência, tolerância, afetividade e sensibilidade quando se trata de convivência com outros seres humanos. Os dois tipos de valores nascem e são nutridos pela espiritualidade.
     O verdadeiro equilíbrio entre organizar coisas e pessoas requer a auto-administração e uma dose boa de outro quociente — o espiritual.

Este artigo é do livro "Endoquality: As Dimensões Emocionais e Espirituais do Ser Humano nas Organizações", publicado pela Editora Casa da Qualidade (1997). Foi neste livro que Ken O´Donnel introduziu a Inteligência Espiritual, a primeira vez que apareceu o conceito num livro, pelo menos no Brasil.

sábado, 9 de novembro de 2013

PINTANDO MEMÓRIAS




O que são memórias senão registros? A memória não é algo que se pega com as mãos, mas é algo que é vivenciado, percebido. E a memória é o que é, servindo no máximo pra uma só coisa: guardar. Ou seja, a memória não pensa, nem cria pensamentos!
Sendo assim, algo tem que ter esta função... O que deveria ser senão o intelecto? O intelecto é uma espécie de ferramenta que usa memórias para criar raciocínios, pensamentos, ideias. É o intelecto que trabalha de verdade enquanto as memórias... apenas curtem ser o que são e pronto! Ele possui as tarefas de escolher, decidir, direcionar o fluxo e as combinações de memórias. Você ainda não perguntou onde tudo isso acontece? Pois acontece na mente! A mente é o ambiente importante para o intelecto mexer com as memórias pra lá e pra cá. Puxa vida! Memória tem vida mansa e nem sabe quando são esquecidas ou lembradas, sabe por que? Porque elas precisam de algo muitíssimo importante para “darem conta de si”: a consciência! Na verdade podemos entender que “consciência é a percepção que o ser tem de sua própria existência”- tipo a famosa frase “penso, logo existo”. Está tudo resumido aí: pra pensar é necessário ter registros (que são as memórias), saber sobre o que pensar (que é tarefa do intelecto) e um lugar pra tudo isso acontecer (na mente).
De forma fácil, visualize que o intelecto é um pincel, as memórias são tintas de várias cores e a mente... a tela! Podemos pintar quadros maravilhosos ou horrorosos com a infinidade de registros de cores e tons variados que temos. E a escolha das cores e formas é i n d i v i d u a l! Ou seja, eu escolho o que pintar, ok? E não venha me dizer o contrário porque neste ponto de vista quem guarda os meus registros sou eu, certo?
Brincadeiras à parte, a consciência é o funcionamento de tudo isso ao mesmo tempo e como é ela que percebe a existência, é ela que tem poder sobre o intelecto. Sendo a consciência o próprio EU, quanto mais o EU conhece a si mesmo, maior poder de ação o EU consegue-se ter sobre as suas partes, pois o EU saberá como suas partes funcionam, pra que servem, como se interagem. Assim há a possibilidade de se direcionar os pensamentos de acordo com objetivos a serem alcançados. Haverá maior chance de precisão e assertividade nas ações. E o gerenciamento dos sentimentos, o que também podemos chamar de autocontrole, acontecerá cada vez mais fazendo com que surja a sensação de equilíbrio e segurança pessoal, mesmo em momentos onde surgem sentimentos ruins. Quando passamos por momentos ruins de forma elegante e sábia, o que experimentamos senão felicidade por reconhecermos nossas capacidades?

            Desejo que você faça de seus dias obras de arte! E através das tintas da memória com pincel do intelecto crie os melhores pensamentos possíveis em qualquer situação.

Gal Rosa
aluna e instrutora da BK BH
pintora e terapeuta ocupacional


ESTE ARTIGO ESTÁ NA REVISTA VIDA PLENA DE NOVEMBRO 2013!
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